NEVES,
Erivaldo Fagundes. História Regional e
Local: fragmentação e recomposição da história na crise moderna. Feira de
Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 2002. 124 p
O
livro, “História Regional e Local: fragmentação e recomposição da História na
crise da Modernidade”, foi lançado no ano de 2002 pelo historiador Erivaldo
Fagundes Neves. É definido enquanto
classificação de gênero como pertencente à História e a Geografia, e como classificação
de subgênero como História do Brasil e do Mundo. Esta obra foi produzida pela
Universidade Estadual de Feira de Santana e pela Editora Arcádia. Sobre as
características físicas do livro destacamos o seu formato que é de 14x21 cm, com
mancha gráfica de 9,5x18 cm, tipologia garamod (tamanho11), miolo com papel
offset 75 g/m2, e capa com cartão supremo 250 g/m2. É uma primeira edição com uma
tiragem de 1.500 exemplares. Acerca da equipe de realização temos o trabalho de
capa de Menandro Ramos, editoração eletrônica de Caio Gonzaga Farias e Menandro
Ramos, revisão ortográfica de Évila de Oliveira Reis Santana e normalização
bibliográfica de Graça Maria Dultra Simões. O livro trata sobre as
transformações do mundo e da própria história, inclusive, acerca dos fatores
que permitiram o estudo da História Regional e Local no mundo e no Brasil. “História
Regional e Local” possui 124 páginas. Divide-se em: prólogo (07-10 p.) que
explica todas as conjunturas que envolvem a produção historiográfica, desde as
motivações e objetivos para a sua construção até os seus resultados; 07 capítulos,
modernidade (11-27 p.), nova história (28-44 p.), história regional e local, (45-61
p.), o IHGB na formação da historiografia brasileira (62-73 p.), a universidade
na consolidação da historiografia brasileira (74-85 p.), história regional e local
no Brasil (86-94 p.), e fontes e métodos da pesquisa histórica regional e local
(95-103 p.); Epílogo (104 -106 p.); referências bibliográficas (107-118 p.),
entre elas, inéditos, periódicos, cadernos e livros; e, por fim, os modelos de
fichas catalográficas (119-124 p.) que têm como finalidade a coleta de dados.
Podemos encontrar fichas de leitura de testamento e inventário, de bens e
imóveis, de leitura de escritura de imóveis, de leitura de correspondência, de
leitura de escrituras de escravos, de leitura de documentos diversos, de
leitura de cartas de liberdade de escravos, e de leitura de registro paroquiais
de terras. O autor inicia discorrendo acerca do conceito de modernidade. O moderno
emerge em uma sociedade transformando-a, tanto nas relações sociais quando nas
práticas comportamentais. As transições entre os períodos históricos demostram
bem essas profundas transformações no modo de vida da sociedade. A Idade Média
deu espaço para a Idade Moderna, esta deu lugar a Idade Contemporânea, e ao
direcionarmos o olhar, para ambas as rupturas, vamos perceber uma troca entre o
que era avaliado como ultrapassado por algo que era considerado moderno,
inovador. O novo, a novidade, chama a atenção da população, principalmente, dos
mais jovens que acabam por absorver os novos valores com uma maior aceitação e,
assim, terminam por modificar os seus hábitos, o seu cotidiano, o que, na
maioria das vezes, resultou no descontentamento das pessoas de idade mais
avançadas. Apesar das bonanças que podem ser trazidas pela modernidade, ela
entrou em crises, da mesma maneira que o campo científico e a escrita da
história. A arte de fazer história, através de um movimento iniciado na França
pela Escola dos Annales, sofreu
intensas modificações ao abranger as temáticas e as fontes que poderiam ser
objetos das análises dos historiadores. Este processo resultou em uma maior
flexibilidade nas fronteiras do profissional permitindo um dialogo com outras
áreas de conhecimento, por exemplo, psicolinguística, etnohistória,
sociobiologia, antropologia histórica, entre outras. Na terceira geração dos Annales o campo de estudo havia se
ampliado ainda mais. Influenciados pela Ciência Social, alguns historiados
propuseram a modificação no campo de análise da história incorporando, entre
tantas modificações, interpretações de fenômenos particulares e relações de
alteridade. Portanto, o contexto da Nova História permitiu que o historiador
adentrasse na História Local através do uso de fontes como: as listas de
preços, certidões de nascimento, batismo, casamento, óbito, etc. Sendo assim, a
história regional e local, pode ser definida como um estudo pautado em uma base
territorial com vínculo de afinidade em que podemos verificar as suas
interações internas e externas. Para realizar este tipo de pesquisa é
primordial iniciar pela identificação das fontes e recursos metodológicos que
mais bem possam contribuir para o trabalho realizado. Entretanto, devemos ter
como pressuposto que a escrita da história é sempre incompleta e que nenhum
pesquisador deu/dará conta de realizar um trabalho acabado, sempre restou/restará
às lacunas. No Brasil, a partir da criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
ao tentar criar um Estado Nacional e uma História Oficial, a história do país
resultou por caracterizar-se como um recorte regionalista, porque exaltava as
elites locais. Com a instauração de universidades no Brasil e a implantação de
cursos de histórias a historiografia passou a adquirir outras dimensões, isto
é, os historiadores passaram a se enveredar por novas metodologias de
investigação e a ler, pesquisar e usar outros teóricos. Neste processo surgiu a
proposta de estudar a história regional e local. Para o seu desenvolvimento preferiu-se
utilizar como fontes às documentações municipais, eclesiástica e cartorial,
entretanto, vamos encontrar também outras bastante importantes como os arquivos
particulares, os jornais, as orais, que são utilizadas tendo como intermédio o método
histórico. Este é baseado em um conjunto de regras que, segundo Deihnl, pode
ser esquematizada em: sistematizar a experiência; normas de pesquisa; critérios
de sentidos; método interpretativo; método analítico; e método da dialética. O
autor do livro fez uma boa escolha acerca da divisão do livro e dos temas
abordados em cada capítulo, em que com maestria faz uma ligação entre cada um
deles nos fazendo acompanhar todo o processo de formação e de metodologias
empregadas na pesquisa da história regional e local. Acredito que o diferencial
deste trabalho, além das importantes contribuições que sua escrita produz, é os
modelos de fichas para coletas de dados que podem auxiliar na pesquisa do
historiador e, até mesmo, do estudante de história que está iniciando o seu
processo de investigação. A obra de Neves é uma pesquisa bem estruturada que
remonta o processo pelo qual se tornou possível o estudo da história regional e
local. Com isso, tem uma validade considerável para a academia. É um livro
indicado para estudantes e profissionais da área de história que pesquisem e/ou
se interessem pela temática abordada. Neves é natural do distrito de Bonito,
onde hoje é a atual cidade de Igaporã. Filho de Joaquim Fagundes Chaves e
Adelina Rodrigues Neves. Atualmente é casado com Ivone Freire Costa, doutora em
sociologia econômica e das organizações, com quem tem dois filhos. Ele Cursou Licenciatura em História na
Universidade Católica do Salvador (1976), possui Especialização em Conteúdos e
Métodos do Ensino Superior na Universidade Federal da Bahia (1977), Mestrado em
História Pontifica na Universidade Católica de São Paulo (1985) e Doutorado em
História na Universidade Federal de Pernambuco (2003) sandwich na Universidad de Salamanca, na Espanha. Suas pesquisas
são de forte impacto tanto no âmbito nacional quanto internacional. Atualmente
tem vinculo profissional com a Universidade Estadual de Feira de Santana
através do departamento de Ciências Humanas e Filosofia. Entre as suas
principais obras, destacam-se, “Crônica, memória e história: formação
historiográfica dos sertões da Bahia” (2016), “Escravidão, pecuária e
policultura; Alto Serão da Bahia, século XIX” (2012), “Uma comunidade
sertaneja: da sesmaria ao minifúndio (um estudo de História Regional e Local)”
(2008), entre outros. Esta resenha foi elaborada por Juliana Karol de Oliveira
Falcão, graduada em Licenciatura em História na Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB), graduanda em Letras-Espanhol (UEPB), aluna do Curso de
Pós-Graduação em Lato Sensu em Estudos em História Local – Sociedade, Educação
e Cultura (UEPB).