quinta-feira, 9 de maio de 2013

DOCUMENTÁRIO CONSTRUINDO UM IMPÉRIO – OS ASTECAS


O documentário construindo um Império (título original Engineering an Empire) – Os Astecas, do canal The History Channel, tem 45 minutos de duração e produzido no ano de 2006. Estando sobre direção de Mark Cannon, Dana Ross, Ted Poole e sendo narrado por Peter Frederick Weller um ator americano, diretor e conferencista. Relata o surgimento da confederação asteca, uma tribo que antes era nômade, e depois se tornou um “Império”. A palavra Império utilizada no documentário é um erro segundo Jorge Luiz Ferreira professor de História da América da Universidade Federal Fluminense, pois os Astecas eram constituídos em uma confederação.
Frances Berdan (bacharelada pela Universidade Estadual De Michigan e Ph. D. pela University Of Texas e professora emérita de antropologia da Universidade Estadual San Bernardino) começa relatando a história de um casamento entre membros de duas tribos, a filha de um rei tribal com um asteca. Antes do casamento como parte do ritual a levaram. Só não se imaginava que eram para um sacrifício o que desencadeou uma perseguição aos astecas, eles fugiram e se refugiaram em uma ilha no meio de um imenso lago.
Os astecas possuíam tecnologias bastante avançadas, principalmente quando se fala a construção de pirâmides e aquedutos. O que chamou mais a atenção dos Europeus foi a sua capital, ao ponto de chama-la de beleza do novo mundo. Beleza está que para eles foi uma surpresa por não imaginarem que os “ignorantes” poderiam ter a capacidade de criar tamanha Obra de Arte.
Porém ainda continuaram a ser imaginados como um povo que não tinha compaixão, o narrador diz: “Mas, a cede de sangue e poder levo-os ao rumo da autodestruição”. Isto por que os rituais que nos templos aconteciam, não eram entendidos na concepção do Europeu cristão. Os rituais para os astecas fazia parte de algo sagrado, o sangue em si era o de mais puro e de mais precioso que se podia ofertar aos deuses. Sendo pelo sacrifício que o mundo continuava a existir, era por ele que o sol ainda se movia.
Os astecas se constituíram como cidade em uma ilha pantanosa no meio de um imenso lago Texcoco, que foi chamada de Tenochtitlán, onde na atualidade é a cidade do México. No começo não foi nada fácil para as astecas, mas aquela região foi apontada pelos deuses, então ali deveria ser construída a sua cidade, está parecida com Teotihuacán, à cidade dos deuses. Segundo Frances Berdan pouco se sabe sobre Teotihuacán, os únicos vestígios que poderiam contar sua história é suas próprias ruinas.
O líder asteca Acampapichtll teve uma grande dificuldade para construir Terochtitlan, Segundo Susan Toby Evans (bacharelada na Universidade da Califórnia, Berkeley e Ph. D na Universidade Estadual da Pensilvânia, e Professora de antropologia) como as ilhas eram bastante pantanosas todas as pedras que colocavam afundavam. Mas através desta dificuldade a cidade passou a revolucionar construindo alicerces com pilares de madeira de 10 m de comprimento e envolto de material vulcânico, em cima dele era levantada as pirâmides. Praticamente nesse mesmo contexto eram construídos elevados que poderiam aguentar grandes pesos. Mario Schjetman diz que elas não inclinavam graças a uma façanha da tecnologia.
O numero de habitantes só fazia aumentar e o método que utilizavam para conseguir agua não se fazia mais eficaz. Então passaram a querer a agua das fontes do continente, mas de acordo com Manuel Aguilar (um professor associado de história da arte na Universidade Estadual da Califórnia em Los Angeles, renomado especialista em sociedades pré-colombianas e da história colonial do México) os astecas eram controlados por uma tribo “agressiva” os tepanecas, a quem eram submissos. Os astecas decidiram solicitar a eles não somente o contato com a agua, como também a ajuda com a construção dos aquedutos. A resposta a esses pedidos foi o assassinato do líder asteca o que gerou uma guerra entre ambos os grupos nativos. Os Astecas se aliaram com vizinhos da cidade Texcoco e com seu líder Netzahualcóyotl. Venceram.
Os astecas passaram a autodenominar-se de Mexicas.
O documentário em sua totalidade faz apenas uma comparação entre os europeus e os astecas e consegue encontrar um ponto que os astecas se sobressaem segundo a fala de Manuel Aguilar “Em comparação com europeus o povo asteca era muito limpo. [...] Em termos de higiene os Astecas eram mais avançados que os europeus”. Um pouco antes quando se fala em revolucionar com as suas construções, eles revolucionam apenas a América.
É incrível como a agua percorria toda a cidade, regando as plantas, e chegando até a banheira onde o rei se banhava.
Em meados do sec. XV escolheram o seu líder Moctezuma I, que expandiu as fronteiras. Na representação do mapa no documentário a expansão é representada por uma mancha vermelha que vai se expandindo dando a entender que essa conquista teve como fruto bastante sangue derramado. Nesse mesmo período a cidade sofreu com as inundações que resultou na destruição da cidade. Porem Netzahualcóyotl o ajudou criando um enorme dique. Este dique possuía 16 km e ia de uma ponta a outra do lago que era raso por isso a altura não passava de 4 m. As comportas de madeiras controlavam o nível da agua.
Outra construção importante foi as chinampa. Segundo Mario Shjetman a chinampa era uma ilha artificial construída no lago. Era construída com uma teia flutuante de talos e fibras e uma pilha de junco por cima, e lodo do lago em cima do junco, construída com aproximadamente por 6 homens trabalhando por 8 dias
A cada minuto que passava mais a confederação Asteca crescia, assim criaram estradas as “grandes vias Astecas”. O documentário traz esse crescimento acompanhado com o aumento de rituais, através de tom pejorativo, uma critica aos costumes dos Astecas. Logo, em seguida apresenta a expectativa de vida que era 37 anos. Ao representar o momento do sacrifício o documentário mostra a pessoa que será sacrificada se debatendo, mas na realidade na maioria das vezes a pessoa estava ali por vontade própria.
O próximo líder viria a ser Ahuitzotl, neto de Moctezuma I que alargou ainda mais o “Império”, proporcionando um grande acumulo de materiais como pedras preciosas, penas coloridas... Criaram para levar essa riqueza ao centro do “império” um tipo de correio que é mais rápido que o correio da atualidade, fala Berdan.
 Ahuitzotl criou o Templo Maior símbolo do seu poder absoluto. “À medida que o ‘Império’ crescia a pirâmide crescia junto”. O templo permaneceu enterrado até 1978, quando trabalhadores descobriram um disco esculpido, este disco representa o corpo da deusa da lua Coyolxauhque desmembrado, ela havia sido assassinada pelo irmão, por ter tido um filho fruto de adultério.
Para os Astecas, como já dito, o bem mais precioso era o sangue (o chamado, agua preciosa). E como eles tinham uma divida com os deuses, a eles deviam um presente. Dentro desse contexto não poderia existir um presente que os honrasse mais que o sangue. Eles acreditavam caso não houvesse sacrifício o mundo chegaria a seu fim. Segundo Susan Toby Evans os Astecas enfeitavam as paredes dos templos com o sangue humano que era tirado das pessoas sacrificadas, ela completa “O cheiro, decerto, deveria ser sufocante.” Claro que dentro do contexto de uma mulher da atualidade que provavelmente cresceu dentro nos preceitos de que a sociedade em que vivia era um modelo, único, e correto de civilização, o cheiro poderia sim ser sufocante, para eles, os Astecas, não.
Na inauguração do Templo maior, houve um sacrifício de aproximadamente 20 mil pessoas segundo as crônicas, Os crânios foram expostos nas paredes dos templos. Depois deste momento parece que o número de sacrifícios passou a aumentar.
Ahuitzotl morre, Moctezuma II fica no poder. A civilização avança até a Guatemala, Moctezuma é descrito como severo, talentoso militar, depressivo.
Cortez chega ao Golfo do México 1519, ele começou sua expedição e todos que foram pedras em seu caminho foram exterminados, porém nem todos se revoltavam, e uma forma de demostrar a hospitalidade era oferecer alimentos e mulheres que seriam usadas sexualmente. Do envolvimento de cortes com uma das mulheres nasceu o primeiro mestiço de que se tem conhecimento naquela região. Além de ter tido um filho está referida mulher foi além de uma amante, virou interprete.
O primeiro encontro entre Cortez e Moctezuma II foi pacifico, Cortez estendeu a mão para Moctezuma II, mas foi impedido de tocá-lo, não sabia que era proibido tocar no grande senhor da terra.
Moctezuma convidou os espanhóis a se hospedarem em um dos seus palácios. Foi um erro. Uma semana depois Moctezuma foi raptado e obrigado a ser uma marionete de Cortez, ou seja, recebia suas ordens.
Em 1520 o estopim foi à interrupção de um sacrifício, e a morte dos participantes. Os membros da cidade ficaram indignados com tamanho sacrilégio e se revoltarão contra seu líder e o apedrejaram. Os espanhóis tentaram fugir na calada da noite, este dia ficou conhecido como noite triste, 400 Espanhóis e nativos traidores foram mortos.
Cortez e alguns dos seus companheiros conseguiram fugir, e decidiram destruir a cidade, cortou a entrada de agua e os alimentos, afim de que os astecas se rendam a fome. Em 1521 ocorreu o ataque final à cidade, esta guerra durou meses. Em 13 de agosto o ultimo líder dos Astecas foi capturado 90% dos nativos que viviam na Região que atualmente é chamada de México, inclusive com doenças que foram trazidas de outros países.
Agressivo, assassinato a sangue frio, tiranos, opressores, orgias de morte, são expressões utilizadas nesse documentário como forma depreciativa a cultura asteca, podemos perceber claramente que o outro nesse contexto não é compreendido. Em seu livro, Incas e Astecas: cultura pré-colombiana Ferreira aborda bem esse sentimento Europeu de que aqueles encontrados na América não passavam de bárbaros e eles eram “sujeito histórico por excelência”. Passando como subjetividade a inteligência e superioridade dos europeus. Para os especialistas os astecas não passavam de povos que viviam uma vida parcialmente animalesca sem compaixão para com o outro.








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