Na
modernidade Foucault identificou toda uma microfísica do poder através de uma
analise sobre como o mesmo funciona ele percebeu que o poder não tem apenas lugar
central. Com isso o individuo não pode detê-lo ou pô-lo em suas mãos, pois ele
não é inerte, vive em constante movimento. Sendo praticado em toda relação em
que existe mais de uma pessoa, uma relação de poder. E este poder não é apenas
negativo ele traz uma carga de positividade porque o poder produz efeitos de
verdade, entre outras realidades. Com isso como tudo para Foucault o poder
também não pode ser generalizado como algo apenas negativo.Lugares
como escola, fábrica, exército, hospitais, prisões, (instituições de sequestro)
tinham um poder especifico, o poder disciplinar. Este vai se diferir dos
poderes clássicos: O poder pastoral que é vertical, partindo de uma
reciprocidade entre pastor e ovelhas, pois um depende do outro, porém o pastor
deve estar sempre disposto a se sacrificar pelo seu rebanho; O poder de
soberania esse pertence ao campo politico e ao contrario do poder pastoral este
não é salvacionista e sacrifical, neste não existe lugar para piedade.O
controle do tempo é
uma das características importante na disciplina, pois em um ambiente
disciplinar o tempo é marcado para realizar as tarefas. Por exemplo, na escola
vemos que existe horário para tudo, hora para entrar, de fazer tarefas, de
comer, de ir embora. Com o decorrer do processo o individuo vai se acostumando
a realizar os deveres no tempo determinado automaticamente. Como também o
exercito, onde todos os soldados são enfileirados e treinados a marchar da
forma que todos comecem com o pé direito e que a duração de um passo a outro
passo dure 1 segundo, sem falar na desenvoltura postural adequada para que
facilite realizar as tarefas no tempo, pois ele – o tempo – não pode ser
desperdiçado porque no espaço as atividades devem se entregar umas a outras de
maneira que no final obtenha-se um resultado satisfatório, e esse seja um
“tempo evolutivo”.
A
disciplina controla o espaço, distribuindo as pessoas de maneira que possa
facilitar o controle e constrói a estrutura de maneira que facilite a
vigilância, por exemplo, quando vamos analisar a escola em seu completo
percebemos que sua predominância é a questão disciplinar.Na
escola deve-se sempre manter a disciplina é através dela que a engrenagem da
educação funciona. Nesse sistema tanto o professor quanto os alunos são
vigiados. No espaço escolar tudo é colocado e construído de forma que facilite
a vigilância e através desse processo os corpos são coagidos, se não fizeram as
tarefas passadas na sala de aula ou se não respeitarem as normas, a vigilância
(diretores, vice-diretores, supervisores, professores, alunos) vão
repreendê-los e vão os punir, assim vão se docilizando, até chegarem ao ápice
desejado.Para Foucault a
vigilância acontece através do olhar, da visibilidade, todos vigiam a si mesmo
e aos outros constantemente, cada olhar vira um panóptico, as pessoas sabem que
estão sendo vigiadas, mas não sabem quando estão sendo. Atualmente, um dos
meios de vigiar seriam as câmeras. Diversas escolas as utilizam para serem seus
olhos e ouvidos quando os professores, supervisores, diretores, estão ausentes.
Pois, as câmeras intimidam o comportamento considerado pela instituição
indevido, não sendo assim necessário recorrer à força física ou a fechaduras,
pois a destruição de algum objeto da escola na teoria não aconteceria graças ao
campo de visibilidade que a câmera iria proporcionar, pois como afirma Foucault
em seu livro vigiar e punir “Quem
esta submetido a um campo de visibilidade, e sabe disso, retoma por sua conta
as limitações do poder”.Todo o
comportamento contrário àqueles que regem as regras da escola, será passível de
punição, seja ela uma “privação ligeira” ou humilhação. O castigo seria uma
forma de exercitar o aluno adestrando-o a ter um bom comportamento. Produzindo
nele um sentimento de que é melhor a recompensa do comportamento correto do que
a punição. Sendo assim a escola não se difere de instituições como as prisões,
pois é símil em suas estruturas, sua forma de disciplinar, em sua organização
hierárquica e em sua vigilância constante.Essas
instituições disciplinares “sequestram” o corpo, o retirando para ser
disciplinada por um longo tempo. Essa disciplina passaria a docilizar os
corpos, este não seria submisso, mas sim flexíveis, adaptáveis por que vale
lembrar que falar em corpos dóceis não significa falar em corpos obedientes. E
Assim formar um individuo moderno que está sujeito ao seu tempo, surgindo como
alvo de poder, quando antes poucos tinham essa visibilidade. O homem emergiu
como produção de poder e objeto de saber.Diferente do
poder disciplina que interfere na vida do individuo de forma mais particular
foi identificado por Foucault o bio poder que tratava mais da visão do
individuo não mais de forma particular, mas como um conjunto, Isto é, os
fenômenos coletivos que são fundamentais para a sobrevivência humana, Porém
isso não significa que o poder disciplinar será anulado, mas sim que ambos
estão sendo efetivados juntos.Concluindo
que o
corpo passa por um processo de domesticação sofrendo influência de todos os
poderes que os cercam, ele é manipulado, modelado e treinado. Através dessa
afirmação podemos perceber que o lugar que um sujeito ocupa pode influenciar
suas atitudes a algo ou pode o limitar e até mesmo o proibir em relação a sua
fala e as suas atitudes.
REFERÊNCIAVEIGA-NETO,
Alfredo. Foucault e a educação. 2 ed. Belo Horizonte: Autentica, 2007.FOUCAULT,
Michel. Microfisica do poder. Tradução: Roberto Machado. Rio de Janeiro:
Edições Graal, 1979.FOUCAULT,
Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel
Ramalhete. 38 ed. Petrópolis, Rj: Vozes, 2010.HUNT, Lynn. A
nova história cultural. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
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