quinta-feira, 9 de maio de 2013

O PODER TRANSFORMANDO O HOMEM


Na modernidade Foucault identificou toda uma microfísica do poder através de uma analise sobre como o mesmo funciona ele percebeu que o poder não tem apenas lugar central. Com isso o individuo não pode detê-lo ou pô-lo em suas mãos, pois ele não é inerte, vive em constante movimento. Sendo praticado em toda relação em que existe mais de uma pessoa, uma relação de poder. E este poder não é apenas negativo ele traz uma carga de positividade porque o poder produz efeitos de verdade, entre outras realidades. Com isso como tudo para Foucault o poder também não pode ser generalizado como algo apenas negativo.Lugares como escola, fábrica, exército, hospitais, prisões, (instituições de sequestro) tinham um poder especifico, o poder disciplinar. Este vai se diferir dos poderes clássicos: O poder pastoral que é vertical, partindo de uma reciprocidade entre pastor e ovelhas, pois um depende do outro, porém o pastor deve estar sempre disposto a se sacrificar pelo seu rebanho; O poder de soberania esse pertence ao campo politico e ao contrario do poder pastoral este não é salvacionista e sacrifical, neste não existe lugar para piedade.O controle do tempo é uma das características importante na disciplina, pois em um ambiente disciplinar o tempo é marcado para realizar as tarefas. Por exemplo, na escola vemos que existe horário para tudo, hora para entrar, de fazer tarefas, de comer, de ir embora. Com o decorrer do processo o individuo vai se acostumando a realizar os deveres no tempo determinado automaticamente. Como também o exercito, onde todos os soldados são enfileirados e treinados a marchar da forma que todos comecem com o pé direito e que a duração de um passo a outro passo dure 1 segundo, sem falar na desenvoltura postural adequada para que facilite realizar as tarefas no tempo, pois ele – o tempo – não pode ser desperdiçado porque no espaço as atividades devem se entregar umas a outras de maneira que no final obtenha-se um resultado satisfatório, e esse seja um “tempo evolutivo”.
A disciplina controla o espaço, distribuindo as pessoas de maneira que possa facilitar o controle e constrói a estrutura de maneira que facilite a vigilância, por exemplo, quando vamos analisar a escola em seu completo percebemos que sua predominância é a questão disciplinar.Na escola deve-se sempre manter a disciplina é através dela que a engrenagem da educação funciona. Nesse sistema tanto o professor quanto os alunos são vigiados. No espaço escolar tudo é colocado e construído de forma que facilite a vigilância e através desse processo os corpos são coagidos, se não fizeram as tarefas passadas na sala de aula ou se não respeitarem as normas, a vigilância (diretores, vice-diretores, supervisores, professores, alunos) vão repreendê-los e vão os punir, assim vão se docilizando, até chegarem ao ápice desejado.Para Foucault a vigilância acontece através do olhar, da visibilidade, todos vigiam a si mesmo e aos outros constantemente, cada olhar vira um panóptico, as pessoas sabem que estão sendo vigiadas, mas não sabem quando estão sendo. Atualmente, um dos meios de vigiar seriam as câmeras. Diversas escolas as utilizam para serem seus olhos e ouvidos quando os professores, supervisores, diretores, estão ausentes. Pois, as câmeras intimidam o comportamento considerado pela instituição indevido, não sendo assim necessário recorrer à força física ou a fechaduras, pois a destruição de algum objeto da escola na teoria não aconteceria graças ao campo de visibilidade que a câmera iria proporcionar, pois como afirma Foucault em seu livro vigiar e punir “Quem esta submetido a um campo de visibilidade, e sabe disso, retoma por sua conta as limitações do poder”.Todo o comportamento contrário àqueles que regem as regras da escola, será passível de punição, seja ela uma “privação ligeira” ou humilhação. O castigo seria uma forma de exercitar o aluno adestrando-o a ter um bom comportamento. Produzindo nele um sentimento de que é melhor a recompensa do comportamento correto do que a punição. Sendo assim a escola não se difere de instituições como as prisões, pois é símil em suas estruturas, sua forma de disciplinar, em sua organização hierárquica e em sua vigilância constante.Essas instituições disciplinares “sequestram” o corpo, o retirando para ser disciplinada por um longo tempo. Essa disciplina passaria a docilizar os corpos, este não seria submisso, mas sim flexíveis, adaptáveis por que vale lembrar que falar em corpos dóceis não significa falar em corpos obedientes. E Assim formar um individuo moderno que está sujeito ao seu tempo, surgindo como alvo de poder, quando antes poucos tinham essa visibilidade. O homem emergiu como produção de poder e objeto de saber.Diferente do poder disciplina que interfere na vida do individuo de forma mais particular foi identificado por Foucault o bio poder que tratava mais da visão do individuo não mais de forma particular, mas como um conjunto, Isto é, os fenômenos coletivos que são fundamentais para a sobrevivência humana, Porém isso não significa que o poder disciplinar será anulado, mas sim que ambos estão sendo efetivados juntos.Concluindo que o corpo passa por um processo de domesticação sofrendo influência de todos os poderes que os cercam, ele é manipulado, modelado e treinado. Através dessa afirmação podemos perceber que o lugar que um sujeito ocupa pode influenciar suas atitudes a algo ou pode o limitar e até mesmo o proibir em relação a sua fala e as suas atitudes.
REFERÊNCIAVEIGA-NETO, Alfredo. Foucault e a educação. 2 ed. Belo Horizonte: Autentica, 2007.FOUCAULT, Michel. Microfisica do poder. Tradução: Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. 38 ed. Petrópolis, Rj: Vozes, 2010.HUNT, Lynn. A nova história cultural. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.





Nenhum comentário:

Postar um comentário