CHUVA,
Márcia. O ofício do historiador: sobre a ética e patrimônio cultural. In:
IPHAN. Anais da I Oficina de Pesquisa: a pesquisa histórica no IPHAN. Rio de
Janeiro: IPHAN; COPEDOC, 2008.
A relação do oficio do historiador com o campo de
preservação do patrimônio cultural do Brasil pode ser materializada de duas
formas, tanto eles podem agir como investigadores de todo o processo que leva a
preservação do patrimônio, quanto como próprios agentes que a realizam. O
patrimônio, seja ele monumento ou sítios selecionados, pode ser constituído de
maneira consciente ou inconsciente. Ele faz com que as representações da nação
continuem vivas perante a sociedade através de uma ação que produz o rememorar,
o recordar que está entrelaçado no objeto.
Entretanto, a história não foi o primeiro campo de
conhecimento responsável por observar e estudar a preservação do patrimônio
cultural, isto é, não foi o primeiro a usá-la como objeto de investigação.
Sendo a antropologia e, em seguida, a sociologia os primeiros campos a
realizarem estudos sobre as práticas de preservação de patrimônios no Brasil. A
palavra patrimônio, antes de tudo, deve ser pensada enquanto a sua função de
formar, construir, inventa, representar, valorar grupos de identidades.
Para tanto, existem algumas profissões que se destacam
na formação do patrimônio, como seria o caso da arquitetura. O autor traz o
arquiteto Lucio Costa como um representa de importante relevância para a
preservação cultural no Brasil, pois ele foi autor de diversas ideias na área.
Outros profissionais que têm bastante propriedade para definir acerca de
objetos passíveis de se tornarem patrimônios são: o museólogo; o arqueólogo; e
o antropólogo.
Na década de 1990, a noção de patrimônio cultural
passou a ser cada vez mais amplo, inclusive, passou-se a sofrer um processo de
descentralização nacional e ganhar um caráter mais particular, mais local, ao
mostrar um país mais diversificado. A ação de representação que aborda o âmbito
local vai de encontro às interferências da globalização que já vinham a influenciar
o Brasil desde a década de 1970.
Contudo, existia-se a preocupação em levar o
patrimônio cultural, considerado de valor universal, para o âmbito
internacional para que houvesse toda uma valorização dos bens e para que eles
fossem conhecidos e reconhecidos por toda a humanidade. Portanto, fazer parte
da Convenção do Patrimônio Mundial era de suma importância, visto que, eram
eles que indicavam os bens culturais e naturais que poderiam ser escritos na
Lista de Patrimônio Mundial.
Com a internacionalização dos patrimônios houve uma
participação efetiva do estado, além de uma ampliação na definição de
patrimônio que perpassam a ideia de uma identidade nacional e focam a
diversidade cultural brasileira. Além de, através de um olhar mais voltado para
a antropologia, passarem a focar no processo, direcionando, desse modo, as
práticas cotidianas, as manifestações culturais dos grupos étnicos. Como
resultado, a partir da década de 1980, foi realizado o tombamento de vários
espaços, entre eles, os terreiros de candomblé.
Foi somente por meio da Associação Nacional de
História que foi realizado uma maior participação dos historiadores na
ampliação do patrimônio cultural. Também teremos um diálogo quando foi inserida
a temática nas diretrizes curriculares do Ministério de Educação para a
formação em historia.
Então, podemos concluir que a história se insere
tardiamente nessa discussão apesar desse estudo está disposto quase que
naturalmente na disciplina. Sendo assim, cabe ao historiador tomar para si a
temática de patrimônio cultural e saber usá-la de acordo com as especificidades
da sua profissão, podendo conferir ao objeto sentidos e significados, isto é,
um enredo verossímil ao passado daquele documento. Com isso, o historiador
confere ao patrimônio sentido.
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