VIGARELLO, Georges. O corpo do rei. In: História do corpo. Tradução de Lúcia M. E. Orth; 2. Ed. Petrópolis;
Rio de janeiro; Vozes, 2008. 504-534 p.
George Vigarello
trás em seu texto o corpo do rei a
resposta sobre a indagação de como era visto e compreendido o corpo, e como era
entendida a sua importância, possibilitando pensar o papel do corpo no novo
tempo. O corpo do rei.
Graças ao lugar
do rei, seu corpo obtinha visibilidade, está trazia consigo a exaltação de suas
características físicas, espiritual, sobrenatural e de sangue. Seu corpo, sua
pele, seu rosto, seus olhos, tudo era belo, másculo. Seu porte, sua voz poderia
ser comparadas a Deus, inclusive as suas habilidades físicas, pois parecia ter resistências
corporais e poderes que beiravam o sobrenatural ao ponto de acreditar que
acidentes que machucavam um homem normal o matinha ileso e de um simples toque
do rei poderia curar uma pessoa.
O corpo do rei
fazia parte de um organismo, neste ele era a cabeça e seus membros seriam todos
os seus súditos, aqueles que a ele deviam toda e total submissão. Esse corpo
estava ligado diretamente com o poder do estado.
O rei possuía
dois símbolos de corpo, o místico, e o natural. Apesar de todas as superstições
que cercavam o rei e lhe dava este status de poder, sabemos que ele era um
homem comum, que poderia amar, pecar, morrer. Esta era o seu corpo natural, o
corpo falível. Porém um homem que morre prejudicaria a ideia de estabilidade do
governo, por isso existia o corpo místico, este trazia a ideia de que o rei era
livre de cair em qualquer erro que um homem comum cairia, ele não erra,
desprovido de passado, de infância, esse nunca morrerá. A eternidade era o seu
ponto forte.
Não podemos
comparar o duplo corpo do rei com o de Jesus Cristo, pois apesar de ter sido
provavelmente pensada através dele, o corpo natural vai se divergir, pois o
corpo de cristo era verdadeiro e os corpos natural e místico do rei vivem junto
todos os momentos, em uma só pessoa.
O duplo corpo do
rei se divergia por região, na Inglaterra era uma linguagem jurídica, já na
França era mais visual. Outra diferença era a questão do sangue que na França
era bastante forte, o medo do adultério estava sempre presente, e caso houvesse
uma suspeita da linhagem dos herdeiros eles eram desqualificados. Na Inglaterra
não, o sangue seria apenas mais uma das características que compunham as de um
rei. O corpo místico também vai se divergir entre esses dois estados, na
Inglaterra esse corpo vai simbolizar o campo politico, na França o divino.
Contudo, esses
dois corpos vão mudar com o absolutismo, nesse momento ocorre uma união entre o
corpo natural e o corpo místico, o rei se aproxima do divino, ele poderia tocar
em doentes e esses doentes eram curados, isto é, o poder do rei era símil ao de
Deus.
Quando o rei
morria, não mais o seu sucessor precisava esperar o seu funeral, agora quando
fosse dado ultimo suspiro o outro já podia assumir.
ótima interpretação. Gosto bastante de temas medievais. Inclusive estou fazendo um trabalho sobre.
ResponderExcluir