AZEVEDO-NETTO,
Carlos Xavier de; SOUZA, Amilton Justo de Souza. A importância da cultura
material e da Arqueologia na construção da História. História Unisinos.
v. 14 n. 1, p. 62-76, jan./abr. 2011.
O artigo intitulado “A importância da cultura
material e da Arqueologia na construção da História” foi publicado pela revista
História Unisinos, volume 14, número 1, edição de janeiro/ abril do ano de
2011. A revista pública pesquisas realizadas no campo dos estudos da história
da latino-américa de maneira interdisciplinar. O texto resenhado é uma versão
ampliada, revista e alterada da monografia produzida por Amilton Justo de
Souza, cujo título é “A importância da Arqueologia para a Construção da
História”. A pesquisa, que resultou no artigo, discute a relevância da cultura
material como fonte documental que auxilia a construção da história. A sua
organização está disposta em alguns subtítulos, que são: algumas limitações do
documento escrito; vestígios materiais e construção da história; cultura
material e práticas cotidianas; e a representação e interpretação na cultura
material. O texto completo tem um total de 15 páginas. A escrita da História
durante muitos anos utilizava como fonte histórica exclusivamente o documento
escrito, tendo em vista que, documentos oficiais eram os únicos considerados
como confiáveis e dignos de contar a “verdade”. Os demais vestígios
arqueológicos eram entendidos como um complemento, eles serviam de ilustração
do que era narrado pelas fontes escritas. A partir do século XIX, a forma de
escrever e contar a história começa a passar por mudanças devido à escola dos
Annales, pois ela passa a ampliar o domínio do historiador ao definir
consideravelmente outros objetos que passaram a serem fontes históricas. Então,
ela introduz nesse conjunto a cultura material, indo, desse modo, de encontro à
história positivista. Tínhamos, assim, a história tradicional contra a história
nova. Este movimento gerou uma expansão extraordinária do que era definido como
documento, saindo apenas do escrito e partindo para outros documentos como, por
exemplo, os produtos de escavação arqueológica, resultando em, por parte do
historiador, um diálogo com o trabalho do arqueólogo e da cultura material. Os
autores defendem que existem algumas características que mostram limitações
entre as fontes escritas e as fontes materiais. Entre elas temos a capacidade
que a cultura material tem de resistir ao tempo, pois o texto escrito tem uma
deterioração mais rápida, e o fato de que os documentos escritos, durante os
períodos da história, não registram muitos grupos sociais, se preocupavam
apenas em narrar os feitos das elites. Com isso, por meio dos estudos das fontes
materiais tornou-se possível observar e registrar a história desses grupos
negligenciados pela historiografia. Então, podemos compreender que através
dessas mudanças vamos ter uma aproximação entre a arqueologia e a história
quando o historiador faz uso da cultura material para explicá-la. Além disso,
eles compartilham um mesmo objeto de estudo que seria o estudo das
características da sociedade, tanto no passado, quanto no presente, pois, a
arqueologia também pode ser considerada uma ciência dos objetos. Entretanto,
como qualquer outro documento, os arqueológicos só podem nos contar sobre o
passado quando questionados. E quando os interrogamos eles nos contam uma
história que desafia as classes dominantes, por ter a capacidade de trazer a
tona enredos de resistência, de povos que não tem visibilidade nos documentos
escritos, colocando as massas em primeiro plano. Já a relação da prática
cotidiana e a cultura material devem ser entendidas como uma estratégia para
aproximar a arqueologia da história. Os vestígios históricos deixados pelas
práticas cotidianas vão recuperar as evidências de hábitos, de mentalidades,
sensibilidades realizadas na vida dos antepassados. A construção desse
conhecimento se dá através da representação. Ela está intimamente ligada à
cultura material, pois esta tem um caráter de identidade e de memória. Para
tanto, os autores fazem uma discussão acerca do ato de representação e usam
alguns pensadores como aporte teórico como, por exemplo, Santaella e Noth, para
dividi-la em duas partes fundamentais que seriam a representação mental e a
representação pública (que é o conjunto em que a cultura material se encaixaria
devido ao espaço onde ela foi produzida e as relações dos sujeitos que dela
faziam uso). Portanto, as fontes materiais
funcionam como um objeto que traz, através da sua interpretação, a
representação de uma identidade existente em um determinado recorte espacial e
temporal. Desse modo, ele não é mais visto apenas como um registro arqueológico
passível de descrição, mas também como um testemunho do passado. Para
finalizar, os autores apontam a importância de sempre, quando for possível,
estudar as fontes materiais juntamente com a fonte escrita, pois nesses casos
uma pode completar a outra ao trazer a voz das classes exploradas. Este artigo
é uma importante contribuição acadêmica, porque conduz a um debate de extrema
relevância que, porém, é pouco realizado nas instituições de ensino superior.
Ele nos faz refletir sobre a cultura material de uma maneira em que amplia o
sentido tanto da forma de como escrever a história, como da forma de contar a
história. Nós fazendo questionar: enquanto professores de história, nos estamos
utilizando as fontes históricas adquiridas através do trabalho do arqueólogo
meramente como ilustração ou estamos utilizando-as para explicar o conteúdo? É
uma questão que merece a atenção. Recomendo a leitura dessa pesquisa para todos
os estudantes e professores que pesquisem acerca do uso das fontes históricas e
a sua importância na construção da escrita da história. Assim como, para todos
que são discentes, docente e/ou profissionais pesquisadores da área da história
e arqueologia. O artigo foi escrito por dois autores, Carlos Xavier de Azevedo
Netto e Amilton Justo de Souza. O primeiro possui graduação em Arqueologia pela
Universidade Estácio de Sá, mestrado em Historia e Crítica da Arte pela Escola
de Belas Artes, doutorado em Ciência da Informação pela Escola de Comunicação
pela Escola de Comunicação, ambas na Universidade Federal do Rio de Janeiro. O
segundo é mestre em História, licenciado em História, barachel em Turismo,
todos pela Universidade Federal da Paraíba. Juliana
Karol de Oliveira Falcão, graduada em Licenciatura em História na Universidade
Estadual da Paraíba (UEPB), graduanda em Letras-Espanhol (UEPB), aluna do Curso
de Pós-Graduação Lato Sensu em Estudos em História Local – Sociedade, Educação
e Cultura (UEPB).
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